segunda-feira, 17 de abril de 2017

Como tudo começou.

    Tinha oito anos de idade quando fazia poemas para uma mulher que tinha se candidatado a vereadora. Eu declamava os versos para muitas pessoas e o sorriso dos meus pais me motivava. Adorava ir naqueles lugares que a candidata me levava para usar meus poemas que passava madrugadas escrevendo. Depois de um tempo descobri que eram comícios e eu atração perfeita para atrair votos. Uma criança inocente e criativa, na qual sensibilizava eleitores carentes a eleger aproveitadores, e quantos por aí usam esta técnica. Mas não importava, eu gostava da muvuca destes ambientes e me deslumbrava com os elogios que recebia.
   Acho que foi minha primeira decepção neste meio, pois esta mulher nem gostava de mim. Depois que ganhou a eleição se afastou e as únicas lembranças que tenho é dela me chamando atenção num momento que fui servir um refrigerante. Chamou eu e meu irmão de pobre, pois ricos não enchem o copo só servem até a metade. Com oito anos tive minha primeira tristeza com políticos. Quem liga, era apenas uma criança. Veio a reeleição e apesar dos quatro anos passados eu lembrei de ter sido usada (a grande mágica na política para quem está nela são o passar dos quatro anos, para quem foi machucado, a contagem é motivacional). Apesar de ainda ser uma criança meu método de vingança foi trabalhar para ela e nas caminhadas quando alguém não olhava eu jogava seu material fora. Tão inocente e rebelde, achando que isso causaria algum problema e cessaria em mim a mágoa. 
   Ela se reelegeu e continuou usando o lado emocional das pessoas e seus momentos mais frágeis para alcançar seus objetivos. A doença e a morte foi seu foco durante seus mandatos e atuações nos bastidores na política. Suas proposições parlamentares eram a maioria votos de pesar. Não a julgo pela sua estratégia na luta por votos, apenas tive ela como base na pessoa na qual não gostaria de me tornar na vida pública. 

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